Desejo que através desse artigo você possa acreditar mais em você, saber que nada é impossível e entender fraquezas que podem ser superadas quando for realizar o TOEFL. O TOEFL é uma das muitas provas de proficiência que há no mundo, como o IELTS, o Cambridge English Exam e o Duolingo English Test (DET) dentre outras.Vale lembrar que o TOEFL é a prova mais conhecida dentre as anteriores citadas, e é através dele que as universidades irão avaliar se você está apto para realizar um intercâmbio, graduação, mestrado ou doutorado no exterior!
Então a primeira coisa que você precisa saber sobre esse artigo é que eu não irei pontuar cada sessão do teste. Você pode conferir dicas detalhadas sobre o TOEFL em dois artigos do SuperMentor, TOEFL: Do Reading ao Listening e TOEFL: Do Speaking ao Writing. Neste artigo, eu irei falar da minha experiência como alguém que chegou a acreditar que não seria possível tirar mais de 100 nesta prova. Vamos lembrar (ou caso você não saiba muito bem) que o TOEFL tem uma pontuação que vai de 0 à 120, e a maioria das universidades generosas com bolsas ou de alto padrão requerem uma nota miníma de 100 — e tirar abaixo disso, infelizmente, pode ser muito prejudicial para o seu application. Temos que ter em conta, ainda, que o processo de admissão para as universidades americanas é holístico; ou seja, o que conta não é somente a sua nota, mas o seu contexto social e suas atividades extracurriculares. Porém, como international students brasileiros, a nossa língua nativa não é o inglês, portanto, ter a nota mínima na prova é bem importante.
Minha história com o TOEFL começou em Dezembro de 2017, quando eu estava no meu primeiro application para as universidades americanas. O meu background com inglês era simples: eu sabia a gramática essencial de tempos verbais, conseguia ler textos curtos, entender letras de músicas e, se me esforçasse muito, eu conseguia ver algumas séries da Netflix sem legenda. Posso dizer que me preparei efetivamente para a prova uns 20 dias antes. Infelizmente, eu não tinha muito tempo: estudava integralmente, dava conta das minhas extracurriculares, tinha uma pequena empresa de doces, tentava superar as imensas dificuldades encontradas no ACT e no SAT Subjects e também não possuía nenhum programa de mentoria. De uma forma geral, este ano eu não tinha as melhores condições para realizar meu application, mas — teimosa que sou — não desisti.
Nos 20 dias antes da prova, foquei excessivamente em entender seu modelo e concluí que “a coisa” não seria fácil. O vocabulário era muito robusto; como vocês sabem (ou não), o TOEFL não é só uma prova que mede seu conhecimento de inglês, ela é uma possibilidade de você saber com o que estará lidando na universidade. As lectures de astronomy e as conversations sobre Molecular Biology para muitos serão o dia a dia na universidade.
Como eu estudava sozinha, conseguia saber meu desempenho no Listening e no Reading porque a nota era dada a partir dos acertos, mas, no Speaking e no Writing, a nota é dada por uma pessoa que avaliava minhas respostas. Assim, o máximo que conseguia fazer era me gravar no Speaking e colocar as minhas essays do Writing no Grammarly para ver os principais erros gramaticais. De programas para me auxiliar nos estudos, eu usava o EduSynch e o TPO test, que, na época, era um Software chinês online. Hoje, tendo realizado a prova do TOEFL 5 vezes — sim, CINCO VEZES — posso dizer que a qualidade do EduSynch quanto ao conteúdo é muito boa, mas, quanto ao modelo de prova, o TPO é igual ao teste. Hoje, o TPO não está mais disponível como um site, ele é de origem chinesa, e não possuo conhecimento sobre seu desativamento. Com a preparação feita (dentro do possível), realizei a minha primeira prova do TOEFL.
O que ter em conta para o dia do teste
Algo importante que não vejo as pessoas falarem é como a qualidade de um test center pode influenciar na prova. O test center que realizei a prova, o Canovas em Botafogo, foi muito bom e, para mim, é o melhor da cidade do Rio de Janeiro. Mas, é claro, posso afirmar que, em todos os test centers, haverá características comuns, como o fato de possivelmente você estar escrevendo o Writing e outra pessoa estar falando super alto no seu lado no Speaking dela, além de ter uma movimentação de pessoas atrás de você durante o intervalo de cada um. Lembrando que isso acontece porque o TOEFL faz as provas colocando sessões extras de Reading ou Listening para cada aluno; isso significa que, às vezes, uma pessoa vai estar adiantada durante a prova.
Você pode estar me perguntando: “tá ok, Marina, mas eu moro em outro lugar do Brasil. O test center aqui é diferente e não posso fazer nada.” A minha dica é: tente melhorar as condições de realização da prova. Vá bem agasalhado para a prova (sim, eu já fiz provas onde o ar condicionado era tão forte que não conseguia ler as questões); leve tampões de ouvido, nem todos os lugares irão distribuir; chegue cedo e faça practices de maneira desconfortável, numa cadeira ruim da sua casa ou com uma música ao fundo. Assim, você estará preparado para qualquer futuro empecilho. Pode parecer besteira, mas são detalhes como estar acostumado com desconforto ou distrações que podem influenciar significativamente seu score.
Dadas essas dicas, posso dizer agora detalhadamente como foi o meu primeiro TOEFL.
Receber uma nota ruim é sempre um grande choque, mas 66 realmente era algo que eu nunca tinha visto ninguém tirar. Eu já estava em Dezembro, tinha deixado o TOEFL como a última prova do meu application. Li um pouco mais sobre as policies das universidades e vi que muitas aceitam o TOEFL de janeiro. Era arriscado, mas eu tinha que tentar. Com um mês a mais de preparação, alcancei a nota de 78, ainda extremamente baixa para o que grandes universidades americanas pedem, considerando ainda que eu precisava de uma grande bolsa. O que eu posso dizer desse aumento de 12 pontos é que, de dezembro a janeiro, eu escrevi mais de 40 essays e isto foi muito bom porque, além de melhorar minha escrita em 70%, eu ganhei domínio sobre muitos vocabulários. Essa minha preparação também consistiu em realizar simulados para o teste, pois, através do simulado, você se acostuma com a prova e tem a chance de melhorar seus skills em Reading e Listening. No mundo ideal, você deveria ir a essas provas já tendo um background bom sobre todas as 4 sessões do teste, mas, no meu caso, eu efetivamente melhorei meu nível de inglês estudando para o TOEFL.
Tudo novo de novo
Já em 2018, no meu gap year e com duas experiências do TOEFL, decidi que esse seria o meu ano. Não só por uma questão acadêmica, mas também financeira, uma vez que, para as primeiras provas que realizei, tive que vender muitos docinhos para pagar e, em 2018, eu contava com a ajuda financeira do BRASA PRÉ e do Oportunidades Acadêmicas. De janeiro de 2018 até agosto do mesmo ano, minha preparação para o TOEFL foi natural. Eu adquiri o hábito de todos os dias pela manhã ler uma notícia do The New York Times e do Washington Post e, enquanto fazia minhas obrigações, escutava um Ted Talk em inglês, lectures de universidades e, por gostar muito de política, via de segunda à sexta o World Headlines do Democracy Now — tudo isso de graça no YouTube. Durante todos estes meses, fiz disto a minha preparação e, sinceramente, a preparação para o TOEFL, que, diferentemente de como é indicada por muitos, não tem que ser maçante.
Pelo menos para mim, somente fazer muitos simulados não foi o suficiente, apesar de que eu considere uma ótima parte da minha preparação e se você, assim como eu em 2017, não possui um bom nível de inglês, eu preciso te falar uma coisa: não será em 20 dias nem dois meses que seu inglês vai melhorar. Pensa comigo: isto é um idioma; precisa de tempo para se naturalizar no cérebro. Eu fiz da minha preparação para o TOEFL algo interessante para mim mesma baseado nos meus interesses. Foi muito bom ler os artigos do The New York Times e aprender sobre o Brexit; as aulas do curso de Justice em Harvard pelo YouTube só me deram mais vontade de querer estudar fora, e o que dizer dos maravilhosos Ted Talks com mulheres super empoderadas?
Em agosto de 2018, a nota do meu terceiro TOEFL saiu. Eu havia alcançado um score de 94 pontos e, sinceramente, eu me senti destruída. Sim, eu tinha ido de 66 pontos para 94 em 8 meses, mas ainda não era o 100 que eu precisava. Apesar de saber que muitas universidades como Tufts, Harvard e Dartmouth aceitam 95+ se você tiver ótimas notas nos SAT Subjects, ACT, ou SAT Reasoning, eu não podia me dar ao luxo de desistir e, então, consegui uma ajuda financeira para realizar meu quarto TOEFL em outubro. Sem dúvidas, essa foi a pior decisão do meu application, primeiro porque a prova é muito cara, e foi muito difícil ir atrás de ajuda monetária; segundo que, ao mesmo tempo do TOEFL, eu iria realizar o ACT e estava muito desgastada. Porém, naquele momento, eu queria muito aplicar early decision e fiz a prova.
Bem, o test center não foi onde eu tinha realizado as outras 3 provas. Foi super difícil achar o lugar, cheguei atrasada, a sala era super escura, pequena, a carteira desconfortável, eu estava no meu ápice de estresse e boa coisa isso não poderia dar. Fiz 89 pontos na prova que dois meses atrás tinha conseguido 94. O que podemos inferir disso é que não adianta sair por aí fazendo um monte de provas. A minha experiência me ensinou que eu poderia ter feito duas provas do TOEFL e não cinco: a primeira em dezembro de 2017 e a última em Dezembro de 2018.
Na minha última prova, em dezembro de 2018, diferente de todas as outras, eu fiz muito mais por uma insistência da minha família e dos meus amigos de application, e o meu pensamento para essa prova foi o mais tranquilo possível. Me agarrei ao fato de que tudo bem que eu já tinha 94 pontos — não era o ideal, mas eu ia me virar com isso e tentar me superar nas outras partes do application. Pensei que talvez o TOEFL não era pra mim.
Neste momento de 2018, já tinha realizado todas as outras provas do application, já estava acabando meu Common App, meu CSS Profile já estava preenchido e faltava escrever poucas essays. Fiz jus ao ditado popular de “segura na mão de Deus e vai”. Tinha feito apenas mais alguns simulados e treinei o Speaking com alguns amigos. Essa prova foi a que eu menos estudei, não porque eu era a própria dona da ETS (empresa que responsável pelo TOEFL), mas sim porque eu já havia estudado bastante durante todo o ano.
Na hora de olhar a nota, parecia que eu estava abrindo o site de (insira aqui qualquer coisa desinteressante), sem expectativas, sem drama; fiz tudo o que não havia feito no último ano. Quando apareceu o meu 103, eu chorei e gritei como se fosse a própria acceptance letter. Não é exagero falar que eu me senti mais feliz com a minha nota do TOEFL do que com a minha aceitação na universidade.
E essa é a minha história: não tem fórmula mágica, não tem truque, tem dedicação. O TOEFL, assim como muitos outros standardized tests, requer tempo.
103 não é uma nota tão alta; eu conheço diversas pessoas que realizaram a prova e, de primeira, conseguiram 115, 117. Entretanto, é importante olhar todo o contexto social e as oportunidades de preparo que essas pessoas tiveram. Não importa se muitos consideram o TOEFL uma prova fácil e, sim, de onde você vem — cada um trava batalhas e desafios internos. Já pensou o quão incrível é o fato de você querer ir morar/estudar em um país que tem um idioma totalmente diferente do seu? Então se orgulhe muito de estar buscando sair da sua zona de conforto e se valorize muito, assim como todos aqueles que estão te ajudando. Não subestime a prova e lembre-se que tem muita gente acreditando em você.
Por hoje, é só. Espero que, depois de ler esse artigo, você tenha a certeza que nada é impossível, que você é capaz e pode realizar o que deseja. Trago a frase clichê de que sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho, aplicando-se ao fato de que, se você estudou pouco ou estudou muito, o tempo para realizar a prova e o dinheiro investido serão o mesmo.
Caso tenha alguma dúvida, não nos hesite em mandar um e-mail. Bons estudos!