Por Victor Cortez (Columbia University, Class of 2023)
Caro(a) mentee,
Olá, meu nome é Victor Cortez. Há alguns anos, eu fui, assim como você, um applicant e, hoje, sou estudante de Engenharia Mecânica em Columbia University!
Durante a minha jornada no application, eu me deparei com a possibilidade de fazer o SAT Subjects Physics. Dois fatores me levaram a escolher fazê-lo: minha antiga paixão por física, que me rendeu várias medalhas em olimpíadas, meu sonho de estudar engenharia na universidade e minha vontade de expressar isso na minha candidatura. Porém, vale lembrar: não é necessária nenhuma formação avançada ou grande proficiência em física para se dar bem no SAT Subjects Physics. A prova é voltada ao aluno de ensino médio comum, exigindo do jovem apenas esforço e preparação para se destacar.
Por isso, vim aqui discutir com vocês a minha experiência com o SAT Subjects Physics como alguém que o prestou na minha época de applicant (2018) e tirou a nota máxima, que viu vários amigos que prestaram e que chegou a ministrar aulas de preparação para outros alunos. Quero aqui compartilhar todas as minhas dicas para que você possa ter o melhor resultado possível na prova!
Como Funciona o SAT Subjects Physics
Primeiramente, para nos prepararmos, precisamos saber exatamente o que é a prova. O SAT Subjects Physics é uma prova que faz parte do grupo dos SAT Subjects, que são provas de matérias específicas que o aluno pode fazer, independentemente do “SAT normal” (popularmente conhecido por SAT I ou SAT Reasoning). Portanto, os Subjects diferem muito em conteúdo! Eles cobram conteúdos específicos que não são cobrados no "SAT normal", como Espanhol, História Americana, Matemática (mais avançada do que a do SAT I), a própria física, entre outros. Suas notas vão de 200 a 800 e o sistema de questões e correções é específico de cada matéria.
No caso da física, são 75 questões de múltipla escolha, com 5 alternativas cada, com tempo total de 60 minutos. Isso dá apenas 48 segundos por questão, um tempo muito curto! Ademais, no SAT Subjects Physics, NÃO é permitido o uso de calculadoras e usa-se o sistema métrico (e não o sistema imperial, que é bem comum nos EUA). Para cada questão correta, o estudante ganha 1 raw point; para cada errada, perde 0,25 raw point e, para cada uma em branco, 0 raw point. Isso é muito importante pois o estudante deve avaliar estatisticamente se vale a pena arriscar numa alternativa ou deixá-la em branco visto que há uma penalidade ao escolher uma alternativa errada.
Entretanto, não é necessário acertar tudo para ganhar um 800. Embora haja uma certa variação, o 800 atualmente equivalente à algo em torno de 60 raw points ou mais com a perda de cerca 10 pontos a cada raw point abaixo de 60; portanto, há muita margem para erro. Uma estimativa melhor pode ser dada por essa calculadora.
Para Que Serve o SAT Subjects Physics
Além de saber como funciona, você também deve decidir se fazer um Subjects é para você. Algumas universidades cobram que o aluno faça pelo menos algum Subjects (o MIT, por exemplo, cobrava até 2020 o de Math I ou Math II e mais um entre Chemistry, Physics e Biology), algumas apenas recomendam (como Stanford) e outras dizem que é completamente opcional ou, até mesmo, nem estão recebendo mais (como Caltech a partir de 2021).
No geral, a cobrança dos Subjects vem diminuindo ao longo dos anos por vários fatores, mas eles ainda são uma boa ferramenta para demonstrar sua aptitude acadêmica. Dessa forma, as instituições que aceitam os Subjects querem simplesmente obter, de uma maneira padronizada, uma avaliação das habilidades dos alunos em matérias relevantes à sua futura trajetória universitária.
Minha dica é montar uma lista separada na sua college list com as universidades que cobram os Subjects, as que são opcionais e as que nem aceitam esses testes (procure sempre dados oficiais, geralmente disponíveis no website de admissions de cada instituição). A partir dessa informação, baseando-se na sua disponibilidade de tempo e dinheiro e olhando para o resto do seu application, decida se deve fazer ou não o teste.
Por exemplo, se você é bom em física, porém nunca teve nenhum prêmio que demonstrasse isso e quer cursar física na universidade, então talvez seja uma ideia muito boa fazer o SAT Subject Physics. Já, se você quer cursar Political Science, nunca foi tão bom em física no colégio e está sem tempo (o que é bem comum na vida de um estudante brasileiro de Ensino Médio), talvez seja interessante reconsiderar.
Como Fazer uma Boa Prova
Mas supondo que você decidiu fazer a prova, está agora na hora de se preparar! Essa prova é uma prova muito rápida e com questões relativamente curtas e fáceis; então, o que conta mais aqui é manejo do tempo. Você tem que se guiar por três princípios táticos:
- Ganhar tempo e gastar eficientemente;
- Chutar de maneira eficiente;
- Manter o ritmo.
Por “ganhar tempo”, eu quero dizer que você vai se deparar com questões que vão ser absurdamente rápidas de responder, demorando até menos de 5 segundos, e questões que são mais lentas, demorando 3 minutos até. Logo, você tem que usar isso a seu favor! Geralmente, a maneira mais eficiente de fazer isso é com a prática.
Você deve ser rápido na hora de ler a questão, pensar em sua resolução e calcular o resultado. Porém, isso sozinho não lhe garante o sucesso: também terá que saber trocar de questão muito rápido. Se a questão lhe custa 5 segundos para ser lida e resolvida, então são 43 segundos a mais para você gastar em outra questão. Você deve ter sempre isso em mente para se manter ágil em passar de uma questão pra próxima. O ideal é sempre se lembrar de economizar segundos para usar depois, porque, confie em mim, você vai precisar.
Outro detalhe importante é saber quando sacrificar questões em nome do tempo. Idealmente, isso não chegará a ser necessário... Mas acontece bastante. É uma decisão complexa que requer intuição, mas, em geral, sempre deixe as questões que você sabe que tem dificuldade pro final. Além disso, se já gastou o dobro do tempo determinado (48*2 = 96 segundos) numa questão e não resolveu, caso não esteja muito perto de resolver, melhor jogar pro final e partir para a próxima. Pessoalmente, não indico ler a prova antes para mapear as questões mais difíceis, porque isso gasta um tempo precioso.
O segundo princípio é chutar de maneira eficiente. O College Board não escolheu o ¼ de penalidade à toa! Essa é a penalidade que faz com que o resultado estatisticamente esperado de chutar uma questão seja 0 pontos, pois você tem ⅕ de chance de ganhar 1 ponto e ⅘ de chance de perder ¼ de pontos. Então, se você fizer a diferença entre a probabilidade de ganhar um ponto e probabilidade de perdê-lo, você encontra: ⅕ * 1 - ⅘ *¼ = 0. Isso significa que, se você eliminar uma alternativa sequer que você tem certeza de que está errada, já está valendo a pena chutar! A dica geral é: tente eliminar o máximo de alternativas possíveis para maximizar suas chances de acertar o chute.
No entanto, no calor da prova, a decisão de chutar ou não chutar não é tão simples. Portanto, você tem que usar sua intuição na hora de chutar — e, novamente, isso vem com prática. Se há uma alternativa que você sabe que está errada e uma que você acha que está certa mas não tem certeza, talvez valha a pena chutá-la. Apenas tome cuidado para não cair nas pegadinhas! A prova vai estar repleta delas.
Por outro lado, se você está completamente indeciso mas tem segurança no seu resultado no resto da prova, uma abordagem mais conservadora pode ser melhor. Afinal, você tem que se lembrar de outro detalhe importante: o 800 do Subjects Physics é maior ou igual a 86% dos scores, o 790, 82%; ou seja, você pode perder muito ao passar do raw points acima de 60 para abaixo de 60.
O terceiro princípio, manter o ritmo, se aplica no geral a todas as provas. Essa prova, embora curta, é de um ritmo acelerado, então o aluno deve estar atento sim a sua performance. O ideal é ir fazer a prova bem descansado, alimentado e, preferencialmente, com algum alimento para atiçar o cérebro. Em manter o ritmo, o psicológico pesa muito, e o aluno deve estar preparado para manter uma mente limpa e focada por 60 minutos sem parar. É uma habilidade que vem com muita prática. Você vai, à medida que pratica, começar a ter noção de quanto tempo está gastando nas questões, de como seu ritmo muda enquanto a prova progride e como você está performando no geral.
Também, lembre-se de se manter atento ao relógio (seja ele o pessoal ou o da sala da prova) e sempre ter em mente se você está acima ou abaixo da “linha imaginária de progressão”. Essa linha é basicamente o tempo que se passou dividido pelos 48 segundos por questão, obtendo assim, a quantidade de questões que proporcionalmente deveriam estar respondidas naquele tempo. Claramente, você quer sempre estar acima desta linha e se dar uns 2-3 minutos de vantagem ao fim da prova para resolver quaisquer eventualidades. Outra dica importante é sempre, ao acabar a questão, marcá-la logo no gabarito! Assim, você sempre terá o progresso salvo caso o tempo acabe antes que responda tudo.
Como se Preparar para a Prova
O principal é praticar! Para isso, eu recomendo utilizar livros como:
- Cracking the SAT Subject Test in Physics, do Princeton Review;
- Barron’s SAT Subjects Physical Test;
- The Official SAT Subject Test in Physics Study Guide.
Primeiro, dê uma lida geral para saber o que será cobrado e se você já tem domínio do assunto. Não se preocupe com o que está de fora desses livros porque é quase certo que não vai cair! A prova é bem particular em assuntos. Eu recomendo focar principalmente em ter boas bases em mecânica e em eletromagnetismo, que são dois “tópicos-chave”. Além disso, ter habilidades de fazer contas básicas no papel e de análise e interpretação de gráfico afiadas.
Não esqueça dos tópicos mais finais da física que, muitas vezes, acabam não sendo cobertos pelo Ensino Médio brasileiro, como:
- Física Moderna: conheça quais os tipos de decaimento radioativo e as partículas envolvidas neles, o efeito fotoelétrico e a quantização de energia;
- Relatividade: domine os conceitos básicos da transformação de lorentz para tempo e espaço e a equivalência energia-massa.
Esses tópicos são relativamente comuns na prova e, para os alunos brasileiros, podem ser desafiadores, dado que eles apenas os aprendem no final do Ensino Médio, fora que, muitas vezes, a escola do aluno ainda não ministrou (ou não vai ministrar) tal assunto. Ainda, também é comum aparecerem algumas questões históricas como “qual o nome do cientista que descobriu o fenômeno X?”. Os livros indicados acima basicamente cobrem tudo isso e devem lhe dar um bom guia para o que deve ser estudado; portanto, tenha certeza que você leu quais são os tópicos que caem e já os estudou.
Depois de ler e estudar/relembrar os tópicos que faltavam, você vai fazer os simulados — faça muitos deles! Os simulados são a principal ferramenta de estudo, porque eles te ensinam a identificar intuitivamente as pegadinhas, melhorar sua precisão na hora de responder, desenvolver o ritmo de prova necessário e ainda ajudam você a ser mais ágil na hora de resolver as questões. Pessoalmente, fiz todos os simulados desses três livros acima (alguns até mais de uma vez) até eu ter certeza de que estava em um bom ritmo e com uma boa precisão na hora de responder.
Lembre-se também de sempre contar o tempo e ser rigoroso com ele, assim como fazer os simulados mais perto do dia da prova para ter tudo fresco na memória. Outra dica é sempre que acabar os simulados, voltar nas questões que errou ou que estava em dúvida e raciocinar sobre a questão para entender porque você errou, isso lhe ajuda muito a identificar pegadinhas que eles colocam na prova e a melhorar sua precisão.
Após fazer muitos simulados, você vai notar que estará com todos os tipos de questão memorizados. O College Board não é muito criativo na hora de fazer questões, então você já tem uma grande vantagem porque sua prova vai ser surpreendentemente semelhante aos simulados que você fez antes. Com isso, é só chegar confiante no dia da prova que você estará encaminhado para o sucesso!