Minha primeira pergunta é sobre uma realidade que circunda muitos jovens. Gabriel, nós sabemos que, por mais que as universidades possuam uma empatia significativa quanto a realidade desigual social e econômica no Brasil, o processo é cheio de desafios. Durante o application você acreditou que o sonho de estudar fora não era para você?
"Quando eu comecei a receber as notas e comparar com outras pessoas, eu fiquei bem preocupado. Depois, quando os resultados foram chegando, foi uma verdadeira enxurrada de nãos até que Bridgeport me deu um sim. Era o que eu precisava: a bolsa que recebi não cobria todos os custos, mas eles ofereciam aos melhores candidatos a possibilidade de tentar a bolsa global, que é a que tenho hoje e que cobre muito dos custos."
Como é a sua rotina na universidade de aulas e extracurriculares? E o que você gosta de fazer no seu tempo livre?
"Na universidade, eu estudo por conta própria Espanhol e Mandarim. Também participo do grêmio estudantil, onde sou tesoureiro. Os alunos na universidade pagam uma certa porcentagem para o grêmio estudantil, e é com esse dinheiro que clubes e organizações pedem funding (recursos) ao grêmio estudantil. Ainda, na universidade, comecei a participar de simulações da ONU e tive a chance de viajar à Nova Iorque e China. Esse aliás é um dos muitos pontos pelos quais eu gosto de estudar aqui: mesmo que eu estude engenharia da computação, eu tenho a chance de ainda assim me envolver em diferentes fields (campos)."
UB (University of Bridgeport) é cheia de tradições. Eu li que ela foi criada em 1927. O que você acha muito único daí?
"UB tem uma cultura centenária, tem muita história, grupos históricos e estátuas de P.T Barnum pelo campus, há prédios super novos, mas alguns do século passado."
Não poderia deixar de saber sobre as bolsas. Sei que você possui uma bolsa que cobre sua tuition, seu housing, mas anualmente você tem que arcar com o seguro saúde. Como funciona essa bolsa e como você aplicou para ela?
"Muitas pessoas em UB recebem algum tipo de ajuda financeira. Anualmente, eu tenho que pagar em torno 4000 dólares referente ao seguro saúde e ao housing. Faço part-time job na universidade cerca de 10 horas semanais, mas também não deixo de participar de oportunidades incríveis que tem aqui pelo fator econômico. Por exemplo, houve um verão em que trabalhei em uma pesquisa da NASA para mandar feijão para o espaço. Já consegui ficar no campus também durante as férias com o dorm grátis para participar dessas oportunidades."
O que você não sabia antes de ir para aí? E o que você sugere a pessoas que irão passar pelo application?
"A verdade é que, no lugar onde estou, a relação entre as pessoas é mais amistosa e o próprio idioma é uma barreira real — às vezes é difícil se expressar e, claro, às vezes falta arroz e feijão por aqui haha. Inglês é muito importante! Parece que já sabemos disso, mas é necessário ter isso forte em mente. Tente causar impacto onde você esteja, não tenha vergonha e medo. Acredito que uma rede bem legal que possa te passar dicas, oportunidades é bem importante."
Para fechar essa entrevista: o que você deseja alcançar com o seu diploma? Sabemos que essa é uma pergunta extremamente difícil já que muitas vezes não depende somente de nós.
"Desejo realizar impacto virtual no Brasil seja através da informática ou mesmo melhorar a parte técnica. Usar o que estou aprendendo aqui para impactar a vida de outras pessoas."