Olá! 

Meu nome é Guilherme Santos Rocha, nasci em Ferraz de Vasconcelos e fui aprovado em 2020 em Amherst College, uma da melhores liberal arts colleges dos EUA! Durante o Ensino Médio, fui bolsista do ISMART, do Oportunidades Acadêmicas e do PREP Estudar Fora, além de dar aulas voluntárias e mentoria para alunos de baixa renda e publicar textos no Acadêmicos para o compartilhamento de oportunidades educacionais.

O meu caminho até uma universidade estadunidense foi resultado do trabalho e da confiança de muitas pessoas e instituições, que confiaram em mim e me ajudaram a alcançar meu objetivo. Neste artigo, vou compartilhar com você um pouco de como foi minha trajetória no processo de application e dar algumas dicas do que foi importante para mim!

Como tudo começou

Cresci trabalhando, desde os 5 anos, com a minha mãe como sacoleiro. Vendo a luta diária dela e me sentindo impotente, decidi que queria dar meu melhor para ajuda-lá, mesmo que não soubesse exatamente como. Assim, nasceu meu primeiro sonho: estudar para ser aprovado em uma universidade brasileira, arrumar um bom emprego e ajudar minha família. Minha mãe, como sempre, me incentivou, e foi a primeira pessoa a me dar confiança. Eu me esforcei ao máximo para alcançar meu sonho e, no meu 9° ano, ganhei bolsa integral para estudar no Colégio Poliedro, através do projeto chamado ISMART.

Mudança de Perspectiva

Quando eu entrei no Poliedro, fui apresentado para um mundo completamente diferente, cheio de oportunidades tanto dentro quanto fora da escola, além de uma educação de altíssima qualidade. Dentre as muitas oportunidades que me foram apresentadas lá, estava a de estudar fora. Antes, eu achava que cada pessoa deveria ir para a universidade em seu país, e nem me passava pela cabeça estudar nos EUA. 

No entanto, mais ou menos no meio daquele ano, o ISMART me apresentou para um aluno que havia sido aprovado na universidade de Yale naquele mesmo ano. Vendo ele falar com tanta paixão sobre as experiências dele no exterior e sobre sua universidade, fiquei inspirado a tentar também. Sempre fui apaixonado por humanidades e ciências exatas, e quando ele mencionou sobre a possibilidade de explorar ambos e muito mais, isso me impulsionou fortemente para uma graduação no exterior, pois eu não queria ter que abrir mão de uma das minhas paixões. Mesmo com muito medo, eu fui incentivado pela minha família, amigos e professores a continuar. Com eles ao meu lado, eu sentia que poderia fazer qualquer coisa, e, por isso, mergulhei de cabeça no processo.

Apesar de eu ter acesso a uma educação de altíssima qualidade, o modelo de ensino do meu colégio era completamente voltado ao vestibular brasileiro. Nossas aulas se resumiam aos assuntos tratados no ENEM e o número de atividades extracurriculares oferecidas na escola era quase inexistente. Para suprir esse desafio, tive que começar a procurar suporte em outros lugares ao mesmo tempo que tentava adaptar o que aprendia dentro da escola para, por exemplo, testes com ACT e SAT. 

Durante o 1º Ano do Ensino Médio, minha rotina consistia de estudos durante toda a semana, das 6:30 e até 21:00, mesmo morando a 2h da minha escola. Nos finais de semana, dava aulas de matemática para jovens de baixa renda da minha região, ao mesmo tempo que cuidava de um cursinho preparatório que eu havia fundado, com o objetivo de preparar alunos interessados em conseguir uma bolsa em escolas particulares. Sobre extracurriculares, algumas vezes, precisei literalmente criar atividades em que eu gostaria de participar. Além das já mencionadas, comecei dando palestras em escolas e igrejas da minha região sobre educação e oportunidades educacionais. Tornei-me tutor de alunos de baixa renda do Colégio Poliedro e, eventualmente, tornei-me redator do projeto Acadêmicos, o qual sou atualmente coordenador do Prodígio, um programa de mentoria científica para jovens de baixa renda e de minoria. 

O Application

Meu 3º ano do Ensino Médio foi absurdo, pois tentar conciliar estudos para vestibulares com os da escola, extracurriculares e o application foi bem difícil. Neste ano, mudei de técnica várias vezes. Comecei estudando para o vestibular no final de semana e para application na semana, inverti a ordem no meio do ano, e terminei o ano fazendo os dois simultaneamente e sem dia definido, conforme apenas o que eu conseguia.

Por mais que esforço tenha sido um ponto extremamente importante nesse último ano e eu tenha tido que abdicar de algumas coisas para estudar ou me preparar, eu sempre tentei tirar um tempo para mim, para minha família e para os meus amigos, pois essas coisas me ajudavam a me recuperar e ganhar determinação para continuar com o processo. 

Como consequência de ter tido a ajuda de tantas pessoas durante o application, eu acredito que você sempre deve tentar buscar apoio nas pessoas ao seu redor para ter um application bem sucedido. Se você puder contar com essas pessoas nos momentos difíceis, você provavelmente vai conseguir trabalhar de uma forma muito melhor através do ano.

Por que Amherst?

Amherst sempre foi uma das minhas top choices de universidades pelos mais diversos motivos. É uma das 6 universidades need-blind para estudantes internacionais; ou seja, a universidade não considera a necessidade financeira do aluno no processo de admissão, então você não será prejudicado se necessitar de uma bolsa de estudos. Além disso, Amherst valoriza absurdamente a interdisciplinaridade e a possibilidade de o aluno se desenvolver como ser humano pensante, capaz de unir várias áreas do conhecimento em prol de impacto social, algo que que, um amante de astrofísica, sociologia, geopolítica e computação com certeza não poderia deixar passar. 

Nesse 1° semestre tive a oportunidade de fazer aulas de antropologia, ciências políticas, computação e história do Oriente Médio, além de explorar alguns clubes (organizações estudantis) de astrofísica e debate político! Por fim, outro ponto importante foi o foco que a universidade dá às relações interpessoais, construídas tanto entre alunos quanto entre esses jovens e os professores. Sendo uma liberal arts college bem pequena, lá nós temos a oportunidade de nos sentirmos parte do ambiente, com aulas pequenas e atividades que parecem ter sido escolhidas a mão para a gente e parecem nunca ter fim. Além disso, os professores estão sempre disponíveis não só para conversar sobre aulas, mas também para nos conhecer como pessoas, entender como nós podemos crescer juntos e querendo criar uma verdadeira relação conosco. Agora, durante esta pandemia, as relações ficaram ainda mais importantes, e essa proximidade entre todos nós que Amherst preza tanto está me ajudando a lidar muito melhor com esse processo e me fazendo sentir que estou realmente construindo algo novo junto da universidade.

Mensagem Final

Contem com as pessoas ao seu redor e nunca tenha medo de seguir em frente. Sempre tenham coragem de explorar e deixar seus sonhos te levarem por lugares desconhecidos e, talvez, algum dia, eles te levem pra onde você nunca havia nem sonhado antes - como Amherst!